quarta-feira, julho 26, 2006

Interacções Extra: Revelação no Fio do Horizonte

Nunca manifestaram incompatibilidades de monta…

Nunca foram vistos juntos…


...É que o que Israel não sabe é que…

…O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, e o cronista e ensaísta Eduardo Prado Coelho













São uma e a mesma pessoa!

terça-feira, julho 18, 2006

Interacções 4: Funes, ou discurso sobre o Word verification: FQPFDXDS

"Eu gostava de ouvir (ler) o senhor Arsitóteles a fazer um discurso completamente vazio."
(...)
"Já agora, também gostava de ouvir o que o senhor Aristóteles pensa sobre a expressão "fqpfdxds", que foi a que me calhou no Word Verification"

Funes,
Que Post Funesto!
Direi: Xaropada Desoladora… Seviciante!

Funes,
Que Palraremos? Farei Ditirambos? Xácaras? Desenrolarei Sonetos?...

Farei Quebrantos? Poções?
Farei Desarmante Xeque-mate Desta Seca?...

Formularei Quiasmático Post,
Fiando (Digamos) Xaile-manta Deste Simples

Fio Quebradiço Pespontando Fiapos De Xis Derivas
[("S")]ibernéticas!!!
^^^^^^^^^^

sábado, julho 15, 2006

Interacções 3 - O Pinto

Na gíria estudantil há todo um bestiário, que faz conviver divindades sapienciais com indómitos animais e sacrílegas feras. Em Coimbra, a Cabra marca o passo à passagem das horas. Obedecer ao seu toque pode evitar a incursão da Raposa (o chumbo), animal que, de tão odiado, se esbateu de certo azulejo da Faculdade de Direito, tratado a pontapés pelo estudante ansioso. Evitar a Raposa podia anunciar uma temporada sem sebentas (em toda a sua “porca” conotação), evitando-se os actos macilentos típicos dos ratos de biblioteca.

Convive então a Cabra com a Raposa, conjugam-se os porcos com os ratos, sem excluir, todavia, o mais altaneiro destino de Minerva (que em Coimbra se dotou de umas escadas para, com o auxílio de sorte e algum engenho, facilitar o seu alcance) ou as Vias Latinas de sábios e expeditos encontros. Aqui, como Eça pôde afirmar, davam-se ao convívio essas “tricanas feitas Ofélias”, combinando-se assim a volúpia carnal com o incêndio dos olhos sonhadores. Deuses e animais matizavam, em hesitação permanente, em luta de contrários, em maturação dialéctica, o dia-a-dia e as expiações do viver estudantil. E de permeio havia o Pinto!

O Pinto era um tasco mais do que um apelido, um apelido mais do que um animal. Seria o único Pinto susceptível de gerar a Raposa e, talvez, o único Pinto capaz de transviar as horas da Cabra em segundos de cabrito. As jornadas do Pinto representavam a sã convivência entre os monstros da animosidade académica e as seráficas visões dos saberes supra-mundanos, local de convívio entre a sebenta e a bifana, com o mesmo sabor e o mesmo óleo antigo e abundante. No Pinto transpunha-se a mais queirosiana Coimbra, de saberes noviços alheados da torre espectral da Universidade, que se o reitor não vai com duas loas, sai um traçado, duas guitarradas e a raposa insinuante celebra a nova geração dos saberes com a renovada Palas, que irradia dos corações juvenis. E Minerva comparece, e a Cabra desanda ponteiros - que o Pinto era concílio de deuses e animais, circo de pantomina e da "pândega idealista" de que Eça falou, condimentada com "sal divino" e esfarelada em "migalhas de metafísica e de estética"...

Assim o tasco! Assim o Pinto!

A Antero atribui-se a profecia segundo a qual a Universidade só iluminará o povo quando a incendiarmos. Esta citação é frase de algibeira de muitos espíritos, de onde a luz só brotará quando tiverem o mesmo destino da renegada Alma Mater do autor das Odes Modernas… Infelizmente, nem todos são cremados, e a mais desoladora penumbra torna-se o mais inevitável e exclusivo dos destinos de tantos. Que o Pinto os ilumine, congregando deuses e bestas num mesmo pantagruélico espaço. É este o destino do tasco que, em Coimbra, é tantas vezes o lugar mais brindado (literalmente) pelo espírito do cosmopolitismo.
(Para a SLM)

terça-feira, julho 04, 2006

Interacções 2: Rua N. Sra de Fátima, finais dos anos 70.

Imaginemos então que, na esquina de uma rua de determinada cidade, encontramos um indivíduo severo, que traz a História às cavalitas. Reconhecendo vagamente o personagem, saímos da vacuidade do cumprimento en passant e entabulamos conversa, trazendo à coacção a pequena menina que tão estoicamente transporta. “Sim – queixa-se o indivíduo, secundado por uma negaça da História – é platónico desígnio esse o de buscar as asas da alma, mas as crianças, como tão seriamente sabemos, não têm quereres ou influência… Veja-se esta que aqui trago…” – prossegue, apontando para a História – … "não é que, em finais de 70, decidiu regredir a um estádio infantil e indeterminado?! Lembro-me que, quando morava na Rua N. Sra. De Fátima (achei, por esta altura da conversa, que ele queria apenas um pretexto de narrativa, que consenti displicentemente), não fazia senão andar para a frente e para trás numa mota de plástico. Esta brincalhona que aqui está ia comer doces à confeitaria Chaimite (ou à Peninsular, sua concorrente e vizinha), sem cuidar do desvio desse nome, de carro de combate colonialista a instrumento libertador do 25 de Abril. Diga-me lá o meu caro amigo se esta não é uma gravosa regressão… E contagiosa! Estende-se à confeitaria do lado, a Peninsular, com a queda do Franco e a extensão da infância, que segue de mota de plástico para o país vizinho fazendo da infantilidade uma regressão peninsular!”

“É que – prossegue ele – como o meu amigo sabe – e põe um ar de elevação erudita – infância é, etimologicamente, o que é sem verbo, sem discurso, sem Logos; esta menina, de vez em quando, decide ser criança outra vez, perdendo os instrumentos rígidos do dizer e deixando as pessoas a patinar na própria fala.” E ilustra:

-“Lembra-se daquele vizinho que insistia em tratar esta rua por Vossa Senhora de Fátima? É ou não exemplo do tempo desencontrando a linguagem?! Ah, este diabrete! A culpa é toda dela! Na altura, passava ali pelo São Miguel, comprava chocolates de fiado ao Sr. Neves e fazia caretas aos puxões de bochechas da Mimosa, espalhando o existir silencioso e infantil de quem ainda não sabe quem é. Deixava-se conduzir pelo Ernesto talhante, ou pelo gasolineiro (que sempre fingia atestar-lhe o depósito da mota de plástico), e era vê-la cirandar nesse silêncio de asas, que dava azo a que as pessoas pensassem que todos a podiam conduzir e que qualquer um tinha verbo a dizer nessa doce informulação de uma História ainda criança!...”
E remata, incisivo:
"Mas, felizmente, os anos 70 acabaram e esta traquinas cresceu. Agora o S. Miguel é um Banco e a Mimosa não existe. Mas há sempre que vigiar esta malandra! Volta e meia, decide regredir ao estado infantil, gastando o tempo a ver os comboios na Avenida da França, impelida pelo pulso sonhador do seu avô, ou ancestrais perigosamente quiméricos… Por isso aqui a trago às cavalitas. Devolvo-a assim ao seu estado deveniente e brutal, de palavra e de maturidade, fazendo-a entender que a infância é apenas uma artéria no todo esmagador da cidade, a tender para um lugar central onde floresce a Razão; tal como a pequena Rua N. Sra. de Fátima flui, timidamente, para a nevrálgica e populosa rotunda da Boavista."
E dito isto, retomamos a marcha.

(Para o amigo RPS)

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