quarta-feira, abril 25, 2007

Chico Buarque - Tanto Mar

Veio de Chico Buarque uma das mais belas homenagens que, em forma de telegrama ou bilhete-postal, se endereça a uma portuguesa e resistente alegria de Abril. Que germine, pois, uma vez mais, essa semente esquecida algures...
Nem que seja apenas uma alegria escondida e algo recalcada, como se não fosse senão um lampejo de memória...

Que resista e floresça, apesar de tudo!

sexta-feira, abril 20, 2007

Reflexão de tasco: A questão “UM BONGO”

Prometida há muito, esta reflexão surgiu num longínquo jantar de bloggers, quando o Funes confessou, perante atónitos comensais, o gosto que tinha em ir para os restaurantes pedir “Um Bongo”. De imediato, a verdade lógica agarra-se-me cinicamente às canelas, por estar quotidianamente indefinido se, quando queremos pedir dois pacotes deste néctar, devemos pedir 2 Bongos ou 2 Um Bongos. A questão é séria, mexendo com o rigor lógico que, para os analíticos, precede a metafísica, quando nos apercebemos da profunda tautologia daquela que parece ser a resposta mais imediata: Pedir 2 Um Bongos é equivalente a pedir 2 Um bilhetes para o cinema que, em sessão contínua, passa 2 uma longas-metragens permeadas por 1 um intervalo… Mas a questão vai apenas no começo.

É que este sumo declara-se “uma festa de 8 frutos”, alertando de imediato para questão do múltiplo e do uno que, de Demócrito a Xenófanes, afligiu nomes ilustres da filosofia antiga. Como podemos chamar Um Bongo a 8 frutos espremidos, quando é manifestamente errado chamar 8 bongos a apenas um?!

Não menos séria é, aparte os formalismos lógicos, a questão comercial. Se vou ao supermercado e opto por comprar um pacote promocional de 6 Um Bongos (m.q. 1 pacote de 6 (um)bongos) pelo preço de 5, o meu inconsciente consumista (se não há, que se invente) vai levar-me a agir como se estivesse a comprar um (Bongo) pelo preço de 5, dado que a compra do Um Bongo vai sobrepor-se ao facto de estar a levar realmente 6, pelo preço de 5 (um) Bongos. Tal facto apenas poderia ser contrariado se este pacote pudesse ser pago em parcelas a 6 empregados chamados Humberto, sendo que o último não aceitasse o pagamento – o que é raríssimo acontecer, já que há sempre pelo menos um dos [H](UM)Bertos do supermercado de folga nesse dia (o patrão farta-se de dar folgas aos Humbertos, sempre a julgar que só deu uma).

Convido, pois, a que destruam Babel. Não ao Um dos Bongos, atentado lógico e metafísico capaz de equiparar os bongos à unidade demiúrgica de todo o universo! Sim, à multiplicidade e ao caos… Destruam-se! Sem dó nem piedade!...

Ah! Não é despiciendo o facto de os 8 sumos presentes no Um Bongo serem uniformemente uma merda!

segunda-feira, abril 16, 2007

Apesar de enrolar as palavras ao dizer brrrrrrolllllgue...


...continua sem papas na língua...
Há 3 anos, sem "educadeira" que o detenha!

segunda-feira, abril 09, 2007

Las Férias


Numa altura em que os espanhóis cá se aquartelam aos magotes, vindos em cavalos de ferro que nenhuma Aljubarrota sustém, vivemos o idílio ocioso de "las férias" da Páscoa.

Sim, por mais que licenciosas licenciaturas desassosseguem o andor noticioso em procissões conspirativas mais ou menos independentes, estivemos em ritmo de feriados religiosos, economicamente arrumados sob o nome de Páscoa. E Páscoa é também, etimologicamente, "passagem", não apenas assinalando o percurso do Messias (o profeta, não o brandy), na sua passagem desta para melhor e, posteriormente, da melhor para esta (mau grado a indeterminação desta "esta"), mas também celebrando outras passagens, tão pascais como outras quaisquer.

Celebre-se, pois, nesta passagem:

- Uma televisão que, qual casa de passe, marca a passagem de belas a mestres sem que essa ressurreição lhes altere (seja Deus louvado!) a substância carnal;

- Uma Páscoa democrata-cristã, em que fluidos ribeiros e castros graníticos passam por portas a ritmo de compasso;

- Um Jesus Cristo – este, superstar! – que farto de ser ouvido em registos antigos, aí onde Judas perdeu as botas, desembocará ao que parece na pia baptismal do Rivoli, em que um Rio que não é o Jordão abençoará com Pais-nossos santificados o La Féria, apostado em estragar, com toada revisteira, aquela que foi a primeira ópera-rock…

Quanto a nós, cépticos celebradores, resta-nos ir ao reencontro dos óculos verdes de Herodes, no original Jesus Christ Superstar de Andrew Lloyd Webber, para entoar ao Salvador, relapso em expulsar os vendilhões deste templo:

«So, if you are the Christ, you're the great Jesus Christ. Prove to me that you're divine; change my water into wine (...);

So, if you are the Christ, you're the great Jesus Christ. Prove to me that you're no fool; walk across my swimming pool.»

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