quarta-feira, novembro 28, 2007

Hossana!


Abandonem-se discussões inúteis, bem como estéreis dilemas de salão. Esqueçam argumentações, experiências passadas, êxtases inaugurais... Esqueçam até que alguma vez existiram ou que alguma vez comeram. Voltem ao desmame, ao estádio das operações concretas, ao raio que o parta... Está encontrado o lugar onde se fazem e degustam as melhores francesinhas do mundo!

Um blacão exíguo, três ou quatro mesas - um pequeno pardieiro. O nome é modesto - "bufete Fase" -, o sítio é humilde, o mestre de cerimónias é de uma espécie de austeridade meticulosa. Dir-se-ia um artista que fez pacto com o demo.

Comer uma francesinha no "Fase" é como ouvir a 9ª Sinfonia pela primeira vez!

segunda-feira, novembro 19, 2007

Os paspalhões

Tento chegar a casa vindo de Gaia, o que me obriga a aceder às ruas que ladeiam a Av. dos Aliados. O Domingo é um dia de afluência aos centros comerciais, o que dá uma margem de conforto aos menos afoitos ao tráfico automóvel, que se dirijam à baixa. Ingenuidade!

Não conto com o espantalho electrónico postado em frente à CMP, que, ao que ouço, justifica a profusão de campónios a impossibilitar-me a passagem. Esta espécie de antropopitecos, que não se coíbe de engarrafar a cidade para ver um amontoado de lâmpadas, justifica grande parte dos instintos genocidas de boa parte das pessoas da terra. E pior:

Este facto provoca-me a alarmante evidência de ter tido que concordar com o Funes em dois posts seguidos: Aqui e aqui.

Consola-me o facto de Funes ter postado no contexto de uma deslocação do Porto para Gaia enquanto eu, por minha parte, seguia de Gaia para o Porto...

terça-feira, novembro 13, 2007

O nome é Nel, Lionel!

Começo por uma impressão pessoal, sem nenhum tipo de sustentação empírica. O Cancioneiro português oferece-nos, em página dourada, o famoso Malhão. Ora, segundo o mais elementar bom senso, a letra do malhão reza: “Comer e beber/ Passear na rua”, deixando de fora o “ó-de-rim-tim-tim”. Sem estatuto semântico, este elemento de fonética - ó-de-rim-tim-tim - é o momento em que a língua dança o fandango, limitando-se a associar a acção “comer e beber” ao mais contemplativo “passear na rua”. Esta pequena impressão introduz-nos ao nome “Lionel”.

Se o universo português está pejado de homens e mulheres a que chamamos “Nel” – do Monteiro à Ladeiras, passando pelos incontáveis “Neis” da nossa infância -, certo é que, a maior parte das vezes, o Nel é um adiamento de Manuel/a, sendo menos um diminutivo do que uma âncora pueril. Cedo os Neis crianças se convertem em Manueis maduros, estando o intermédio Manel reservado a um espaço informal que não deixa de pertencer ao território adulto. A excepção, o reduto da pobreza, da exclusão e da miséria surge quando vem à liça um outro estatuto de Nel: o Lionel.

A questão é que o Lionel nunca deixará de ser Nel. O “Lio” anterior não tem dignidade onomástica, sendo um elemento redondo o suficiente para ser apenas um preciosismo; o Lio de Lionel é uma espécie de ó-de-rim-tim-tim de Nel. E nada mais.

Conheci, na minha infância/adolescência, um Lionel, esse que, certa vez, no saudoso estádio das Antas, decidiu cuspir em ogiva ascendente na fila de acesso à superior norte. Com arte, ergueu o pescoço e, não ouvindo as nossas desesperadas preces – ó Nel... ó Nel... –, projectou uma abóbada de saliva para a multidão, tendo acertado num cidadão não identificado, do qual apenas se conhece o protesto: Eiiiiiiii! Seus filhos da p...” Imagino que este sortudo se chame Nel, também!

Muitos posts se fariam em torno de Nel, que não é todavia mera personagem do passado. É que o Nel, de quando em vez, por milagres da técnica, faz-me saber que está vivo. E manda-me, sem palavra alguma, uns mails com umas meninas de vastos dotes mamários. Muitas. Em muitas posições e ocupando vastamente todo o espaço da caixa do correio. É o Nel! É o Lionel! Que fazer à sua libido informática?

Sob pena de reforçar o estatuto do Nel (alargando o coro dos excluídos) seria inaceitável declarar o Nel como spam, como bizarro se tornaria o pedido de algum decoro cibernético. A solução impõe-se, imperativa: criar um g-mail reforçado só para o Nel, mesmo que ele não saiba ser o único que para ali envia mensagens.

Mas eis que, numa espécie de programa Novas Oportunidades, o Google compensa sustentadamente todos os Lioneis deste mundo, não permitindo a previsível palavra-passe no endereço criado: Nel, claro está. Com um número mínimo de seis dígitos, o código limita-nos a um único nome possível, digno e sem abreviatura, vasto e por extenso: Lionel.

Está reposta a justiça! Ó-de-rim-tim-tim... A informática como mais e melhor democracia!

segunda-feira, novembro 12, 2007

No seu acento "espinoseano"...

... na sua escrita excessiva, surpreendente, sem categorização possível,


torna-nos testemunhas do processo inventivo da maior das escritoras portuguesas vivas!

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