Do destino pouco razoável das terras de Carvalhos
Quem continua? Quem permanece? Nos Carvalhos, a entoação destas questões vai latejando, como se fosse uma insígnia de empréstimo ou uma máxima impregnada nos mais involuntários corredores do cérebro dos indígenas. É que esta terra é de passagem, na secante da auto-estrada que lhe roça os limites, não sendo para muitos senão uma tabuleta, uma porta de entrada, uma portagem erigida como ponte levadiça nos caminhos das nossas deambulações. Por isso mesmo, de longe a longe, há o confronto com um novo caminhante que, perdido, encontra nos Carvalhos o sítio de eleição para a sua condição mortal de estar e de ser de passagem.
13 de Maio. Nos antes deste dia de sacras afecções, vão passando peregrinos aos magotes, cuja passagem pelos Carvalhos reproduz numa via sacra o seu destino mais terreno e secular… Esta terra é de passagem: Quem continua? Quem permanece? E a resposta aparece, invariavelmente, nos dias subsequentes ao 13 de Maio, quando a terra de Carvalhos, personificando a mater familias que de todos cuida e a ninguém despreza, ao contar o tamanho da população que a compõe, encontra um acréscimo de candidatos ao seu braço protector. E aqui se encontra a explicação para um dos mais sinuosos mistérios desta terra sem poiso: Por que estranha razão – pergunta-se, em conspícuas dissertações – há tantos malucos neste sítio? Que estranho destino aqui os fixa, na rigidez sempre doida que cabe a uma localidade de passagem?
Em mal disfarçada culpa, os peregrinos vão passando, sem que se desconfie que nestes caminheiros reside a solução de tão intrincado enigma. Mesmo as jornadas pedestres mais embebidas em fé sofrem de falta de paciência, de nervos de celofane, de finas tiras de pachorra. E em todas as jornadas pedestres, principalmente as que se alicerçam sob inspiração do misterium tremendum, abundam os malucos, os visionários, os desenquadrados e os cromos. Adicionando a tal falta de paciência à abundância de tais entidades, temos uma espécie de panela de pressão peregrina, explodindo no exacto momento em que eclode no horizonte a tal terra de passagem – os Carvalhos, com certeza. E é aqui que surge a tentação de os abandonar, de fazer o maluco de lá do sítio, por mil desígnios e artimanhas, cidadão honorário desta terra prometida. E lá segue, aliviada, a caravana!
13 de Maio. Nos antes deste dia de sacras afecções, vão passando peregrinos aos magotes, cuja passagem pelos Carvalhos reproduz numa via sacra o seu destino mais terreno e secular… Esta terra é de passagem: Quem continua? Quem permanece? E a resposta aparece, invariavelmente, nos dias subsequentes ao 13 de Maio, quando a terra de Carvalhos, personificando a mater familias que de todos cuida e a ninguém despreza, ao contar o tamanho da população que a compõe, encontra um acréscimo de candidatos ao seu braço protector. E aqui se encontra a explicação para um dos mais sinuosos mistérios desta terra sem poiso: Por que estranha razão – pergunta-se, em conspícuas dissertações – há tantos malucos neste sítio? Que estranho destino aqui os fixa, na rigidez sempre doida que cabe a uma localidade de passagem?
Em mal disfarçada culpa, os peregrinos vão passando, sem que se desconfie que nestes caminheiros reside a solução de tão intrincado enigma. Mesmo as jornadas pedestres mais embebidas em fé sofrem de falta de paciência, de nervos de celofane, de finas tiras de pachorra. E em todas as jornadas pedestres, principalmente as que se alicerçam sob inspiração do misterium tremendum, abundam os malucos, os visionários, os desenquadrados e os cromos. Adicionando a tal falta de paciência à abundância de tais entidades, temos uma espécie de panela de pressão peregrina, explodindo no exacto momento em que eclode no horizonte a tal terra de passagem – os Carvalhos, com certeza. E é aqui que surge a tentação de os abandonar, de fazer o maluco de lá do sítio, por mil desígnios e artimanhas, cidadão honorário desta terra prometida. E lá segue, aliviada, a caravana!
Por isto mesmo, trememos de expectativa. Quem nos calhará este ano? Que novo maluco para cá migrará, no voltejar da cabeça e na instabilidade dos humores com que se desenha o perfil da macro-categoria do “cromo”?! A questão ecoa, na mesma fremência ansiosa com que, carvalhenses que nunca o são realmente, articulam o seu desalinho de juízo com a natureza essencial do seu não permanecer. Não permanecer no sítio, na terra, não permanecer sequer no sentido e nas suas instâncias que, nas cabeças de todos, funciona como terras de Carvalhos de viés com a estrada larga, como desvio, como apeadeiro da razão consequente. Quem continua? Quem permanece? Que novo maluco desembocará nos Carvalhos?
10 Comments:
É verdade, já mo tinhas dito:
está na hora de aparecerem malucos novos, é sempre pelo 13 de Maio...
Bem, mais um para a gente se entreter ;-)
Já não chega?...
Quando um desses magotes que vinha de Paredes me fez perder o transporte que me punha a horas no trabalho, o que me apetecia fazer com o meu braço era tudo menos oferecer-lhes protecção.
Nenhum deles precisava de ficar, pois conseguiram pôr-me maluca, só nesse dia é claro! :)
és dos carvalhos. tá visto. e é ponto de passagem, ninguém fica aí, pois não;)é terra de peregrinos, não É?
;)
um bjo
Crescido nos Carvalhos e retornado à Invicta... Peregrino, pois!
Terei eu sido um "deles"?
(Ler o comentário anterior com muita, mesmo muita atenção)
Sendo dos Carvalhos, o que é o M.I.C. ? - curiosidade pura e simples - se souber, faça favor diga-me, que eu agradeço.
o MIC é um movimento secreto!
Quando vou para local de trabalho também costumo ver os peregrinos, pelo 13 de Maio e agora pelo 13 de Outubro
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