quinta-feira, fevereiro 18, 2010

Espiral de Arquimedes

Arquimedes concluiu que se uma linha recta for desenhada num plano e se, permanecendo fixa uma das suas extremidades, ela girar com uma velocidade uniforme um número qualquer de vezes até retornar à posição de que partiu e se, além disso, durante esta rotação da linha recta, um ponto se mover sobre a recta com uma velocidade uniforme a partir da extremidade fixa, o ponto descreverá uma espiral no plano. O resultado é o que chamamos hoje espiral de Arquimedes.


De forma não menos perspicaz, concluí que apesar da maior relevância da descoberta, Arquimedes não teria relações sexuais com grande frequência.

terça-feira, setembro 22, 2009

Actualidades...

sexta-feira, julho 10, 2009

Isto não é um post

Trata-se mais de um comentário… Ou de muitos comentários. Um comentário é uma espécie de backdoor man, de lado obscuro ou de contra-capa. Um comentário está de passagem, aflora o post e abandona-o, é o ensaio a decorrer contra a austeridade do post – o post está para o comentário como Hegel está para Montaigne. Obedeço à lógica do comentário e escrevo-o ao correr da tecla, sem censura, ready to crash and burn, com toda a certeza!
O meu amigo mosher desafia-me a comentar sobre determinado concerto, já num dia longínquo de longínqua adolescência, quando rumei com o D. a Alvalade, para ver Gn`R – e Soundgarden, e Faith No More. Um dia em que, ainda muito verdes e vulgarmente propensos a sarilhos, nos fizeram acompanhar da tia do D. (na responsabilidade dos seus vinte e tais), e de uma amiga (da tia – da mesma provecta idade). Lembro-me de uma discussão irada e recorrente sobre a banda que contava: o lado melancólico, com as duas companheiras de viagem; a vertente agressiva, que era a camisola que vestíamos. No concerto em questão ganharam os dois (disseram-nos no dia seguinte que perderam ambos).
Mas sei hoje que, se não fosse pelo resto, tinha valido pela Rusty Cage, a única que gostei do Soundgarden. E pelo espectáculo chamado Mike Patton. O episódio da noite (curiosamente, não vejo isso nas crónicas mais habituais sobre o concerto), aconteceu por culpa dele.
É que quando reparou que o público se dedicava de corpo e alma a atirar garrafas e relva para o palco, decidiu solicitar, a meio de uma música (lamentavelmente não me lembro qual), que lhe atirassem tudo o que podiam. Ficou completamente submerso de garrafas de plástico, de erva e de tudo o mais… Foi uma dessas garrafas que, mais tarde, tramaria o salto do Axl, ditando o seu histórico “estatelanço” e épico “amuanço”.

Alinhamento matreiro, mas perfeitamente uniformizado. Fã como era, tinha ouvido em directo na rádio, alguns dias antes, o concerto de Paris, que apresentou as mesmas coisas no menu. Ao fim e ao cabo, se não fosse o célebre episódio, ficava tudo na mesma como a lesma: It`s so easy a arrancar, Mr Brownstone (com o vocalista já pespegado no chão); o abandono do palco, o apelo, o recado que estragou a Civil War… E houve ainda o Godfather pelo Slash, o Attitude pelo Duff, o perfeitamente exibicionista solo de voz do Axl. O final, já em encore (afinal também o houve), veio com Paradise City. E vieram largos anos de conversa, nas imensas secas que fui dando ao povo à conta dos Gn`R…
…E a seguir o regresso ao Porto. O périplo irracional pela 24 de Julho. A chegada a Sta. Apolónia às quinhentas da manhã, com a estação fechada e a obrigação em dormir na escadaria. Não havia Nightrain, mas uma amálgama de corpos estendidos a poluir o cenário à beira-tejo – puro Rock n`Roll.

Por estas e por outras, os comentários aqui merecem estatuto especial. Não sei mesmo se um comentário é, por norma, a garrafa esquecida do Mike Patton, a tramar o Axl e a induzir a birra. Dita uma efémera permanência cujo único destino é o esquecimento, ou a recordação teimosa de uma música no meio de um espectáculo que, por ínfima, é tudo o que conta: uma espécie de adolescência impaciente, esperando um comboio que a leve para o outro lado da música, para as reticências de um mundo por escrever, no lugar nenhum que é o seu local de origem. Transgrido por aqui, e desta maneira, os comentários que não fiz, retirando uns quantos posts do baú.
Comentei.E postei.

quinta-feira, maio 21, 2009

Não percebo...

...o entusiasmo da comunidade científica em torno desta radiografia do papa!...

terça-feira, maio 12, 2009

Em Paris, pour épater le bourgeois

Fazendo um ponto de situação do que tende a resistir à situação, ou falando para lá da manha burguesa do simples lucro e da fugaz vaidade, fale-se…
…Fala-se então de uma conferência, de uma guerra de nervos para nos mostrar que estamos vivos, da culpa por todo o restante trabalho que se deixa para trás. Fala-se também do poder de insinuação que esta cidade continua a ter em nós, na sua insolência tão particular, tão elegante e tão enérgica.

Falamos de sorrisos, do gosto nocturno da cerveja, de uma gota de sangue deixada algures em Montparnasse... Falamos da necessidade de ver a urbe do avesso, de percorrer galerias de caveiras, fazendo das tripas coração para lhe chegar ao nervo e ao osso.

Falamos de uma das minhas cidades segundas e do acolhimento tão generoso de dois dos meus primeiros.

Falamos de uma janela iluminada, na Rue Raymond Losserand, que a torre do sr. Gustave não deixa de afagar com o seu longo braço de luz.

Fala-se em partir de madrugada, silenciosamente, para retomar o tempo desde o seu puro começo… E seguir adiante.

Bref!

quinta-feira, abril 09, 2009

Em Maio

quinta-feira, março 19, 2009

Enfim, um comentador!

Não há, nos jornais e restantes Media, "comentadores" portugueses.
Regra geral, não há alternativa: ou se é comentador ou se é português. O dom analítico, a vocação da síntese e a poupada ironia são alguns dos critérios de eleição dos comentadores que tendencialmente não abundam por quem tem passaporte luso... Claro que há excepções, apesar de tudo discutíveis.

Houve quem tivesse a ironia cruel de afirmar que Vasco Pulido Valente seria o mais “lúcido” (sic) comentador português. Discordo do lúcido, duvido do comentador, mas sublinho o português; escreve com fel, numa apagada e vil tristeza demasiado negra para ser real e demasiado grotesca para não ser castiça – mais português, morre-se, como dizia o saudoso Eduardo Prado Coelho. No que toca à arte do comentário, o nosso território é tradicionalmente ermo e desabitado. Quando vamos para o comentário, lá nos aparece a veia poética, lá tropeçamos no perfil de Bandarra – a metáfora e a profecia inundam o texto, que passa a ter vocação marítima e uma vaga tendência para a heteronímia. Perde-se o comentário e ganha-se outra coisa, sendo esta outra coisa, com qualidade e oportunidade variáveis, que mais abunda pelos Media de Portugal… Até que surgiu Rui Tavares.

Tem a qualidade rara do formulador. Expõe as questões desassombradamente, sem grandes pruridos mas com um raro e muito pascaliano esprit de finesse. Se dúvidas houvesse, então leia-se isto.

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