Enfim, um comentador!
Não há, nos jornais e restantes Media, "comentadores" portugueses.
Regra geral, não há alternativa: ou se é comentador ou se é português. O dom analítico, a vocação da síntese e a poupada ironia são alguns dos critérios de eleição dos comentadores que tendencialmente não abundam por quem tem passaporte luso... Claro que há excepções, apesar de tudo discutíveis.
Regra geral, não há alternativa: ou se é comentador ou se é português. O dom analítico, a vocação da síntese e a poupada ironia são alguns dos critérios de eleição dos comentadores que tendencialmente não abundam por quem tem passaporte luso... Claro que há excepções, apesar de tudo discutíveis.
Houve quem tivesse a ironia cruel de afirmar que Vasco Pulido Valente seria o mais “lúcido” (sic) comentador português. Discordo do lúcido, duvido do comentador, mas sublinho o português; escreve com fel, numa apagada e vil tristeza demasiado negra para ser real e demasiado grotesca para não ser castiça – mais português, morre-se, como dizia o saudoso Eduardo Prado Coelho. No que toca à arte do comentário, o nosso território é tradicionalmente ermo e desabitado. Quando vamos para o comentário, lá nos aparece a veia poética, lá tropeçamos no perfil de Bandarra – a metáfora e a profecia inundam o texto, que passa a ter vocação marítima e uma vaga tendência para a heteronímia. Perde-se o comentário e ganha-se outra coisa, sendo esta outra coisa, com qualidade e oportunidade variáveis, que mais abunda pelos Media de Portugal… Até que surgiu Rui Tavares.
Tem a qualidade rara do formulador. Expõe as questões desassombradamente, sem grandes pruridos mas com um raro e muito pascaliano esprit de finesse. Se dúvidas houvesse, então leia-se isto.
8 Comments:
Rui Tavares é capaz do melhor e do pior. Já vi dele crónicas brilhantes, já o considerei um indigente mental.
Durante algum tempo acreditei que o novo grande comentador seria Rui Ramos. Mas o seu fanatismo liberal aniquilou-o. Desde que começou a crise, anda um bocado calado.
Mas eu não sei porque estou para aqui a comentar o post. Eu não falo com quem prefere Prado Coelho a Vasco Pulido Valente, o mais lúcido dos comentadores mundiais.
Pois é FilósoF, tive a felicidade de ler essa crónica em papel (ontem tive direito ao público) e uma amizade querida e que me dá saudade (não, não é gaja) faz-me mesmo chegar os seus textos BLITZ por e-mail depois de scan.
Discordo só do VPV e, digo-to pela vigésima quinta, pega nas crónicas antigas e vê no que deram as suas "profecias".
Para além disso, escreve depurado, sem flores desnecessárias, com uma prosa imediatamente reconhecível e sem medo de aproveitar a coluna toda, haja caracteres (e whiskey, do bom)!
Este comentário foi removido pelo autor.
Se o VPV diz uma coisa hoje e amanhã o seu contrário, é óbvio que acerta em 50%. Profecias assim também eu! O único elemento uniforme é a amargura, o luto, o fado versão oxford que o bezerrão destila!
Funes: O declínio do Público começa no desaparecimento de EPC e culmina no desaparecimento do Calvin. Já só um Rui Tavares nos pode salvar!
PS: O comentário anterior dizia a mesma coisa que este, e foi apagado numa experiência piloto. É que acabei de aprender a apagar comentários nas instruções deixadas por Funes, nos comentários ao seu último post. Ainda dizem que não se aprende nada nos blogues...
mas do que este blog precisa é de um poustador!
comentadores tem que chegue!
PS: a keyword era "bacali"
Vasco Pulido Valente escreve com o fel do prof. Funes. às vezes.
Por isso, lhe chama lúcido :)
Gostei de ler.
Desgraçadamente, Marta, tenho que confessar que é ao contrário. Sou eu que imito VPV, não o contrário.
precisamos de homens de acção...para comentadores já temos uma plebe medíocre bem habilitada para o efeito.
Enviar um comentário
<< Home