terça-feira, março 06, 2007

Cumprimento e aviso ao amigo chinês, que por cá me visitou

«- Mandarim, meu amigo, não é uma palavra chinesa, e ninguém a entende na China. É o nome que no século XVI os navegadores do seu país, do seu belo país…
- Quando nós tínhamos navegadores… - murmurei, suspirando.
Ele suspirou também, por polidez, e continuou:
- …Que os seus navegadores deram aos funcionários chineses. Vem do seu verbo, do seu lindo verbo…
- Quando tínhamos verbos… - rosnei, no hábito instintivo de deprimir a Pátria. Ele esgazeou um momento o seu olhar redondo de velho mocho – e prosseguiu paciente e grave: - Do seu lindo verbo mandar…» Eça de Queiroz, O Mandarim.

Não se trata de uma citação gratuita, admirativa ou ornamental. Trata-se, isso sim, de um cumprimento e de uma vénia. Quando descubro, por aqui, a brevíssima passagem por estes sítios de um cidadão chinês, vou imaginando a oriental paciência que terá aplicado para desvendar as linhas que neste espaço se vão escrevendo… Mas aproveito para deixar o aviso.

Caso esta passagem se deva a uma pesquisa infrutífera, cá vou saudando as errâncias do google, que me justificam a classificação deste blogue como um ECM (Espaço Cibernético Multicultural). Porém, caso esse extravio fortuito se deva a uma prospecção pelo perfil lusitano tendo em vista uma futura imigração, então esqueça. Oriente por oriente, antes Pol Pot a Paulo Portas, pois isto por cá não se recomenda a ninguém, mesmo que os seus compatriotas por aqui se multipliquem como verdete nas concavidades da Grande Muralha e ainda se mantenham relativamente impolutos aos hábitos grotescos desta lusa gente. Conceda-se ao prazer de esvaziar uma profecia de tons pouco simpáticos (que na altura a abordagem multicultural não era dado adquirido) do nosso Eça, até agora infalível no olhar recuado com que nos abençoou em páginas de intensa e aguçada crítica:

«Mas virá, todavia, o homem amarelo! Virá muito humildemente, muito pacificamente, em grandes paquetes, com a sua trouxa às costas, virá, não para assolar, mas para trabalhar. E é essa a invasão perigosa para o nosso Velho Mundo, a invasão surda e formigueira do trabalhador chinês.»

Cordiais saudações, deste seu “intelupto.brogspot”!

4 Comments:

Blogger Taxi Driver said...

The True Wonders of
The World Wide Web!

8:37 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

"mesmo que os seus compatriotas por aqui se multipliquem como verdete nas concavidades da Grande Muralha"

Era um bocado escusado esta melda

"e ainda se mantenham relativamente impolutos aos hábitos grotescos desta lusa gente"

Sim porque tu na China... Chega para lá oh Confúcio!

8:39 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

stor conhecia o professor de filosofia que morreu?

6:49 da tarde  
Blogger DomingonoMundo said...

Já aí tens a resposta, P!

9:33 da tarde  

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