quarta-feira, maio 09, 2007

CSI – Um desabafo!

Narrava a própria Grace Kelly. De cada vez que estreava um filme de Hitchcock, que a própria protagonizava, sentia ganas de entrar pela tela dentro para avisar a sua personagem dos perigos em que incorria. Já Hitchcock, por seu turno, avisava cinicamente os espectadores, “não se preocupem, que é só um filme!” O que é facto é que todas estas reacções assentam num quadro estável de previsão quanto ao comportamento que cada filme pode ou deve suscitar; mas há derrapagens quanto ao modo como reagimos à película que fogem a todos os moldes, a todas as previsões…

Veja-se o CSI.

A aclamada série colhe reacção entusiástica, crítica favorável, encómios inflamados por todo o globo, facto que, estou em crer, é da mais evidente justiça. Mas sublinho a frase anterior: estou em crer

É que neste que aqui escreve, cada episódio da referida série exerce um efeito soporífero mais potente do que um dardo tranquilizador para elefantes, de tal modo que todos os assassinatos ficam num domínio de indiferente irresolução, furtando-se os criminosos pelos túneis inacessíveis proporcionados pelo meu sono. Um autêntico território de impunidade! E não, não se justifica pela hora tardia, ou pelo cansaço crepuscular do espectador. Desconfiado, fiz a experiência passar pelas mais exigentes variáveis, repeti hipóteses, transformei a minha sala de estar num autêntico laboratório CSI, e de todas as vezes o resultado confirmou a hipótese – adormeci a meio!

E a conclusão, não sendo evidente, é relativamente simples. Neste intervalo essencial e antigo entre transgressores e cumpridores, pecadores e justos, ardilosos ladrões e sofisticados polícias vou dormindo a bom dormir: Caio Sistematicamente Inconsciente o que me torna Culpado de Sonolência Irremediável. Sim, enganem-se aqueles que julgariam, ao ler as primeiras linhas deste desabafo, que eu viria taxar a série como uma Cajadada Sonolenta e Inócua, facto que me tornaria num Crítico Simplificador e Individualista. Não cedo, pois, ao que seria uma Cabala Sinuosa, Inconsistente. O que direi, isso sim, é que os Cardumes de Sonhos Intangíveis que me são lançados pelo CSI já me têm valido protestos exclamativos – Carago, a Série é Imperdível! – aos quais Cedo Sem Invectivas. Digo apenas, numa escusa breve e sonâmbula, que mais criminoso que polícia vou penando até aparecerem os próximos Sopranos. Até lá, frente à deusa televisão, assumo-me apenas como um

Cosmonauta do Sono – Inadmissível!

6 Comments:

Anonymous Anónimo said...

onde ia? ah, já sei, no CSI! certo?

7:42 da tarde  
Blogger rps said...

Os pedaços que vi também de proporcionaram sonolência.
Como Sois Imaginativo, Arsitóteles...

10:15 da tarde  
Blogger rtp said...

Bem, confesso: nunca vi. Até porque sofro - um pouco - daquela patologia de que o domingonomundo falava aqui em post, há algum tempo atrás, a propósito de livros: quando é muito afamado não me apetece ler/ver. :-))

1:13 da tarde  
Blogger lp@wonderland said...

Caramba, como Sois Irascível! Os episódios do Tarantino são bons!

10:41 da tarde  
Blogger feniana said...

amei! :)

e subscrevo. posso?

11:45 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

sim a pergunta impõe-se para qd a nova série dos sopranos?! a última não foi grande coisa, mas espero que a próxima seja.
Agora o que não perco por nada é o Dr.House (esta 3ª serie tem sido fabulástica!) e esse sim dá a horas impensáveis....

4:44 da tarde  

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