Maça com bicho
Todos nós já fomos, por algum dia, vítimas da maldade humana. A maior parte dos acontecimentos negativos, como a resposta torta do patrão, ou a falta de educação do motorista do autocarro, são facilmente ultrapassados com um encolher de ombros ou ao fim da primeira cerveja.
No entanto, à medida que os dias se sucedem, vamos acumulando um fardo de injustiças que nunca viram resolução mental e que até hoje nos atormentam:
No entanto, à medida que os dias se sucedem, vamos acumulando um fardo de injustiças que nunca viram resolução mental e que até hoje nos atormentam:
Há quatro ou cinco anos atrás, resolvi ir ao cinema ao sábado à noite num centro comercial. Como é óbvio, o parque estava a rebentar pelas costuras. Multiplicavam-se como gremlins por trás dos postes, os “portugas” de fato-de-treino e volta de ouro, acompanhados pela mulher grávida de mão dada a uma criança sempre ranhosa e barulhenta.
Ainda assim, procurei um lugar para estacionar o que parecia ser uma tarefa quase impossível. Pelo canto do olho apercebi-me de um lugar a cinco metros do local onde me encontrava, mas para não entrar em sentido contrário preferi contornar o parque fazendo os cinquenta metros necessários para entrar no sentido correcto. E consegui! Ou melhor...quase que consegui. Assim que chego ao tão desejado lugar, fico frente a frente com outra viatura, que não se deu ao trabalho de respeitar as leis de trânsito e que optou pelo caminho mais curto. Éramos agora dois carros e um lugar. O confronto era inevitável. Ainda assim não estávamos de igual para igual. Ele estava com o carro uns centímetros mais próximo do lugar, e eu estava com a razão. Optei então pela via diplomática. Abri o vidro, ajustei o meu vocabulário ao público-alvo e retorqui:
“Oh Chefe. Então não viu o sentido proibido?”
Ele, jovem, de brinco na orelha, e boné do FCP, abre o vidro do seu Renault 5 revelando os seus três amigos espalhados pelo resto da viatura e diz:
“Não vi nenhum polícia!”
...Silêncio... Nos três segundos que se seguiram, compreendi fenómenos que até à data me pareciam totalmente descabidos como as práticas de extermínio nazi. Talvez o holocausto tenha nascido num qualquer parque de estacionamento, quando um IDIOTA, resolveu infringir as regras de trânsito. Restou-me abandonar o lugar, e conformar-me à minha insignificância e aos meus músculos flácidos. A partir desse dia, nunca mais perdi um episódio do “Ranger do Texas”.
Odeio “chico-espertos”!
11 Comments:
Já me aconteceram situações idênticas, mas sempre com gajos de boné do SLB!
De mais a mais (adoro esta expressão!), para manter a crença na bondade natural do homem, ainda não tenho carta...
Como te entendo.
Em situações idênticas, acabo sempre por dar graças ao Criador pelo facto de não trazer comigo uma arma de fogo.
Sôm uma merda, num sôm?
O boné disse logo tudo... :D
Devia ser um dos meus famosos vizinhos, os ultras da Cordoaria. Tenham medo, tenham muito medo!
EhEh. E os chico-espertos abundam sobretudo no trânsito... :-(
Maçã com muuuito bicho!
chico-espertices...é do pior!
Não creio que nenhum club de futebol tenha o monopólio da estupidez.
A mim, por incrível que possa parecer, já me aconteceram coisas semelhantes com tipos que não usavam boné nenhum.
Já somos dois... O pitoresco que pode ser ir a um centro comercial. Aposto que muitos sociólogos e políticos aprenderiam mais sobre o verdadeiro país se por lá andassem. Os bonés são mesmo uma marca distintiva. E aqui eles ficam muito bem a certos... palermas, sem ofensa para o António Silva...
Moral da história: no parque mal se vê o lugar deve correr-se para lá, sem pensar em sentidos proibidos, desta forma ganhando o lugar ao jovem de brinco e boné...Bem, talvez não seja lá muito moral :)
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